sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Quem apenas passa

No vago mundo piso em falso.
Sinal de distração.
Apenas eu parei e ninguém mais.
Todos continuam, tudo se mantém assim.
Sem um começo, sem um fim.
Um eterno desenrolar de vida,
mas sem clímax.
Onde já se viu uma história desse jeito?

Levanto.
Ajeito o palito, enquanto penso em outra história.
Novos contos pra contar.
Rumos para me perder.
Falta perder o parafuso
e quebrar essa máquina com meu nome.
Quem sabe a placa de metal desprende de mim.
Aquela que cobre meu peito
e me protege daquilo que vem de dentro.

Olho para frente,
olho para trás.
Não vejo diferença.
Apenas eu parei,
mas a esteira continua.
Melhor voltar e ligar o piloto automático.
Pensar é perda de tempo.

Douglas Funny

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Assim

Não sei de que céu você veio
De que flor nasceu
De qual obra de arte fugiu
Ou de qual conto de fadas surgiu

Presença que me seduz
Alegria que me contagia
Olhos que libertam minha alma
Sorriso que aquece meu coração

Não é necessário mais nada
Toco essa canção sem acordes complexos
Canto sem rima nenhuma
A beleza se fez por si só

Desenhei essas palavras
Como declaração de uma risada
Uma felicidade anunciada
Em mim estampada

Rara poesia feliz
Sem versos contados
Nem limitados
Apaixonados

Gosto assim
Sem começo ou fim
Simples assim.

Douglas Funny

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Despertar

Ontem dormi com sede,
e ela dominou meus sonhos.
Sonhei que bebia um copo de água,
mas não saciava a minha vontade.
Então acordei.

Ontem dormi com fome,
e ela dominou meus sonhos.
Sonhei que comia peixe,
mas não matava a minha vontade.
Então acordei.

Ontem dormi com saudade,
e ela dominou meus sonhos.
Sonhei que você estava próxima,
mas não abraçava a minha vontade.
Então acordei.

Ontem dormi com meu amor,
e ela dominou meus sonhos.
Sonhei que você me beijava,
mas não era o suficiente.
Então acordei.

Hoje não dormi,
e estou indo te encontrar.

Douglas Funny

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Juntidão

Sabe, às vezes é bom estar junto
Perto, próximo, adjunto
Ter com que falar, conversar
Com quem chorar, abraçar
Pra tudo terminar em beijo
Como se fosse um último desejo.

Tudo parece perfeito
E uma briga acaba com o conceito
Uma soma que não tem exatidão
Sentimentos na contramão
Um problema tão pequeno
Transformou-se em veneno.

E como da noite se faz o dia
Um casal que não se via
Desculpa-se em harmonia.

O fim é início então
Como versos de uma mesma canção
Notas em juntidão.

Sabe, às vezes é bom estar junto
Perto, próximo, adjunto
Um caso pra casar
Mas antes da noiva beijar
Nunca pense no final
Hoje é sábado e tem carnaval.


Douglas Funny

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Refratado

Falei o que não quis dizer.
Meu instinto correu,
o raciocínio andou
e o resto se fragmentou.
Como cacos de vidro me senti cortante,
e ao mesmo tempo pequeno e frágil.
Feri e fui ferido.

Com palavras sem sentido
mudei a direção.
Atropelei sentimentos no vermelho,
um egoísmo que só via o verde.
Rasguei na contramão
e dilacerei o seu peito.
Cortes que não cicatrizarão jamais, eu sei.

Por mais que eu sofra agora,
nunca poderei dizer que doeu mais em mim
do que em você.
Apenas afirmo que,
dure o tempo que durar,
juntarei caco por caco
e reconstruirei o espelho.

Só para ver o reflexo do seu sorriso.


Douglas Funny

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sor...

Nasce ali,
quieto e tímido.
De um pensamento,
de uma lembrança,
de uma visão,
de um sonho.
Brinca com outros, poucos ou muitos.
Não é a quantidade,
mas a qualidade, o entusiasmo.
Um se faz e contagia,
por mágica, por delírio, por vida.
Quando é estrondoso assusta
Singelo não se nota
As pessoas não são as mesmas,
a diversão talvez.
Algumas vezes precisa ser conquistado,
ou surgem do nada,
simples e espontâneo.

Deixa dançar,
não tem o que perder,
só a ganhar.
Seduz e domina.
Ilumina.
Brilha no rosto, a altura dos olhos.
É pra ser visto,
mas sentido e não impresso.
Não é marca, porque vem de dentro.

Tão pequeno e não se perde.
Tão grande que salva.

... riso.


Douglas Funny

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Desesperança

Fecho os olhos
para ver o que quero.
Mais claro que a água,
tão belo por dentro.

O que carrego na alma
move meu corpo por inteiro.
Se ela não fosse tímida,
por Deus, o que eu já não teria feito.

Ainda cultivo o terreno
para o nascimento enfim,
mas do que vale aguardar
se não é fato, não tem hora.

Por que tento acalmar
se sou eu que estou batendo?

Vivo em contradição.
Esperar uma surpresa
é esconder aquilo que já sei.
Quero a verdade, mas a cubro com um pano.

Abro os olhos
para deixar de ver.
Se ela não fosse tão tímida,
por Deus, o que eu já não teria feito.

Douglas Funny

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Aquilo que não é meu

Esse riso é meu.
A gargalhada que explode aqui,
dentro de mim,
também é minha.
Não é inigualável.
Incomparável.
É apenas minha.
Única.
e solitária.
Como esse aperto no peito.
Que eu não queria,
mas é meu.
Só eu sinto.
Assim.
Tão perto.
Ninguém sente a minha dor.
Pelo menos como eu sinto.
Como essa lágrima que escorre,
agora e novamente.

Fui da alegria à tristeza,
em poucas palavras.
Um coração.
E se fez.
Não entendo.
Nem você.
O que eu sinto é meu.
Não seu.
Mas você sente.
Aquilo que é meu,
do seu jeito.
Um jeito que não é meu.
E sente o que não é seu.
Esses sentimentos são meus
e de mais ninguém.
Estão aqui dentro.
Pessoais.
E você rouba de mim!
E eu não te dei.
Talvez, não agüentei sozinho.

Será que é assim?
Transbordamos em sentimentos,
visíveis aos outros.
A olho nu.
Você me vê ou vê meus dramas?
Minhas felicidades, angústias,
delírios, intrigas.
Tudo meu.
E eu mostro.
Divido.
Entrego um pouco de mim.
Como uma benção,
ou como um fardo.

Estranho sentir
e ser sentido.
Por alguém que não sou eu,
mas tem um pouco de mim.
Porque permiti.
Querendo ou não,
faz parte de mim.
Parece que os sentimentos são um vírus.
Uma doença.
Algo que se pega.
Acho que no fundo,
eu pego os sentimentos que quero.
Bons ou ruins.
Desejo meu.
Involuntário, talvez.
Pois quero os seus, como você tem os meus.

Sentimos,
por você e por mim.
Esse é o melhor sentimento
e não é mais meu.
Só meu.


Douglas Funny

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Insatisfação do Desfecho

Meus pés não sabem pra onde vão.
Minhas pernas tremem.
Sinto um frio na barriga.
Um embrulho no estômago.
As mãos começam a suar.
Os braços se cruzam para fingir lucidez.

Embriagado pelo perfume
que atinge minhas narinas,
tento ver além com meus olhos
e deixar de ouvir com meus ouvidos.
Lábios que tentam balbuciar sílabas,
em vão.

Minha mente briga com minha imaginação.
Tudo reaparece de repente,
quando o que eu mais queria era apagar.
Um calor enfurecido
aquece o meu peito.
E eu, sem saber o que fazer.

Meu coração nunca entende os finais.
Douglas Funny

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dança

Lá está ela
Tão única, tão bela
Sobre um palco infiel
Elevada até o sétimo céu
A vista de deuses sem poder
Um público que não se cansa de ver

A alma toca
Cada tom, cada nota
E o corpo explora, de dentro para fora,
o sentido onipresente de qualquer hora
A felicidade que contagia
Que uma simples dança propicia

Música vivida
Tom, nota, batida
Sentimento de cada passo
Não importa ritmo ou compasso
É som metamorfoseado
Cada pessoa entende ao seu agrado

Um dia você apenas se cansa de ver
Percebe a diferença entre ter e viver.
E dançar.


Douglas Funny

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Erro

Há palavras que tocamos
Por outras somos tocados
Têm aquelas que fogem, pra bem longe
E aquelas que você espera chegar
Umas confortam, arrancam sorrisos
Mas algumas machucam e te fazem chorar
Letras que nomeiam, você, eu, objeto, coisa
Tão coisa que rouba a cena
A coisa é assim porque foi chamada,
Deixaria de ser o que é por outra palavra

Resumir o que sentiu numa só linha
É pedir demais
Nem sabe o que é sentir
Talvez essa palavra descreva melhor
Ou quem sabe essa
Ou outra qualquer.

Usamos por medo, de não saber o que dizer
Receio de não contar aos netos como um monte de letras fascina
Para os ouvidos dos amigos
Pelos olhos da amada
Estampadas no focinho do seu cão
Não se sabe como, mas alguém entende.

Palavras que vêm e vão
De que tanto precisamos
Sujeitas ou não, a transitividade não importa
Seja passado, presente ou futuro
Aqueles que tentaram nos trouxeram até onde estamos
E se um dia tudo esteve certo
Cada palavra com seu significado
Agora estou disposto a errar.
Afinal, palavras são apenas palavras.


Douglas Funny

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sinta

A vida se abre
Em fortes cores
Largos sorrisos
Alegria celeste
Sonhos que toco com as mãos
Não dormem no travesseiro
Não fogem de mim.

Fica e brilha
No meu olhar
De criança, de adulto
Coração, razão
Sentimento, mente
Que se perde, divaga.

Pisa no chão
Apega-se ao concreto
Faça, não pense
Diga, não guarde
Escreva. Liberdade

Que as lagrimas lavem a alma
E molhem o papel
Que os risos abracem seu corpo
E movam a caneta
Eleve o espírito
Deixe-se levar autor.


Douglas Funny

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Água do Céu

A chuva não cessa
Não pára de cair
De cima a baixo
Sem mudar a trajetória
Mesmo o vento que empurra
Não tem poder de parar
Pois ela quer chegar
Cada gota no seu lugar

O céu cinza
Anuncia uma tristeza
E a água cai
Molha e lava
Renova corpo e alma
E descubro que a natureza me enganou
Ou me engano esperando
Que o céu azul seja prospero

As lágrimas limpam
Tentam espantar a dor
Se esse é o choro do céu
São lágrimas de anjos
E choram de alegria
Pois não me machucam
Purificam-me
Chuva que toca


Douglas Funny

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Poesia com Açúcar

Batuco no violão
Dou risada de um filme triste
Coloco pilha no meu pão
E com groselha faço sanduíche
Tem cachimbo para o cão
Para o gato sobra alpiste
Com muita neve no verão
No inverno, frio não existe
Mas se têm pássaros no chão
Qualquer peixe no céu sobrevive
E quando lua faz clarão
Morto, em filme de terror, vive

Hoje até bispo passa a mão
Ladrão vira cacique
Quem déra pobre acordar de roupão
E rico comprar na butique
Assim todos saberiam o que é ter mansão
Com filho na escola e a esposa no iate
Quem despreza moraria no barracão
Com a mão calejada e a barriga que late

Fácil é rimar com “ão”
Difícil é terminar no e...
Já viu começo sem continuação?
Acredita que cego não vê?


Douglas Funny

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Andamento

Espaço sem fôlego,
com o relógio sobre as costas.
O tempo me atropela.
Perco-me nos meus próprios passos,
mesmo seguindo passo a passo.
E se tropeço,
perco as baladas e badaladas do pêndulo.
Ordem, padrão e perfeita,
do ponteiro ditador.

O descontrole dos minutos me torna obsoleto.
Quando me desgarro das horas, viro efêmero.
E se cesso, deixo de existir.

Às vezes temo te encontrar.
Se te abraço, paro.
E sei que não vou mais voltar.

Douglas Funny

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mais forte que eu

Minha alma grita dentro de mim,
quer sair, respirar.
A paciência me enganou,
se fez de persistência e me fez aguardar.
Porém, não quero deixar pra lá.
Quando os sonhos se vão, perdemos um pouco de nós.
Não quero deixar de ser quem sou.
Crer no impossível
e deixar de acreditar.
Quero ver, quero tocar.

Essa explosão que me faz andar
é a mesma que não me deixa dormir.
O despertar daquilo que não esqueci.
Que a vida me fez encobrir,
mas que a mesma não quer perder.
Rasga o peito sem medo
como o calor de uma paixão.
Me sufoca com desejo,
não me quer ver dizendo não.

Enfim, te clamo agora.
Aquilo que nasceu comigo,
que me fez em outrora.
Não posso esperar mais.

Douglas Funny

Não deixará de bater

A vida seria fácil demais
se tivéssemos tudo na mão,
sem esforço algum,
sem dor, sem sofrimento.

Não teríamos sentimentos,
pois um coração não aprende a amar
se não sabe chorar, perder
O mundo precisa rodar
para que possamos viver.

Nada acontece se você só quiser sonhar
Querer alcançar as estrelas,
sem tirar os pés do chão.

Crescer sem saber do que é capaz.
Acordar e não correr atrás.

Douglas Funny

terça-feira, 10 de junho de 2008

Deixe Soar

Se um cavaco pode chorar,
quem sou eu para evitar?
Uma tristeza que ecoa dentro
deve ser posta pra fora.
Como um instrumento faz.
Inspira, sente,expira, cria.
E a música se faz.
Arranca risos ou lágrimas,
mas uma verdade é dita,
e outras verdades ouvidas.
Deixo o meu coração abraçar,
seja pra rir ou pra chorar.

Se eu posso chorar,
quem sou eu para evitar?
Que a dor seja posta pra fora.

Douglas Funny

domingo, 4 de maio de 2008

Sem

Sem existir te imaginei
Sem tocar te desenhei
Sem conhecer te paquerei
Sem agüentar te abracei
Sem esperar te beijei
E sem saber me apaixonei

Sem dormir, sonhei
Sem voar, flutuei
Sem cair, me joguei
Sem sair, viajei
Sem notar, delirei
E sem perceber me enganei

Sem entender te amei
Sem ter te perdi
E sem querer te vi partir

Sem você me levantei
Sem você me recuperei
E sem você vivi

Sem você...
Sem você estou bem
E sem você estou aqui.

Douglas Funny

quarta-feira, 26 de março de 2008

A desaposse do anseio

O amor obsessivo
é um querer calado.
Um suspiro aflito,
desejo engolido,
uma dor que não se sente.

A vontade de ter
nega suas outras vontades,
que se tornam imperceptíveis.
Já escolhido o que é bom sentir
e nada mais.

A flecha do cúpido me acertou,
mas não ficou.
Foi um tiro no peito que resvalou.
Por tempos a venda da injusta paixão me cegou
e por momentos me cobriu,
como um manto acolhedor.
De hoje em diante quero sentir frio,
que me abrace aquela que não quer atirar em mim
e que beije meu coração abalado,
pois de ricochetes ele não vive mais.

Carrego na frente do peito
a felicidade que me protege.
Pendurada pelo pescoço
com o balançar de um pêndulo.
Lembrando-me das horas contadas
de uma harmonia inquestionável
imposta pelo meu ego.
Porém, alertando-me
que o meu sorriso mais puro
pode estar mais perto do que pensei.

De peito aberto
a felicidade me carrega.
Imprudente como deve ser.
Cuidando do meu bem-querer.

Douglas Funny

domingo, 2 de março de 2008

Durma com meus sonhos

Lua que ilumina
Clareia meu espírito
Traga a beleza da noite
Revele o que a escuridão esconde.

Levante-se no céu
Banhe-se com olhares
Meus sonhos distantes
Dão-te vida.

Meu coração busca
A esperança que você abriga
A harmonia que carrega
A melodia que toca.

Não se deite sem me dizer adeus
Sem teu abraço de confiança
A luz que me inspira
Face sincera que me ergue.

Lua de fases
Inconstantes, verdadeiras
Peça ao céu para me presentear com estrelas
Pois de ti só quero o acaso.

Douglas Funny

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sem Último Verso

Entre linhas cortadas,
procuro o seu olhar.
Transformo palavras
que se dizem poéticas
em estrofes sem rimas.
Poesias sem escudo.
Devaneios do peito,
não da cabeça.

Cada ponto final me engana,
pois a última letra não pontua minha esperança.
É apenas mais um começo de parágrafo,
mais uma história a ser vivida.
E, então, escrevo para uma alma ainda ausente,
que me espera em algum título adiante.
No próximo passo,
Depois da vírgula seguinte.

Escrevo errado em linhas tortas.
Muitos pontos de interrogação,
poucos de exclamação.
O futuro é feito de dúvidas,
o passado de certezas
e o que fica é o presente.
O único que posso dar a ti.
A essência é o que fica, independente do que virá.

O medo já não faz parte de mim,
assino com letra maiúscula.
Quero caminhar, mesmo que às cegas.
E que o mundo se ofereça a mim.
A minha vida não tem rótulo e pode mudar.
O meu coração não tem validade estampada,
então deve viver.

Douglas Funny

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Tempo que não diz

A beleza nasce fora
e me incorpora.
Apega-se.
Eu me apego.
Laço que prende.
Nó que não desata.
Tempo que cria.

O problema de quem nunca teve
é o de ter.
Querer vira posse.
E o poder vira fim.
Final estagnado.
Sem futuro.
Tempo que apaga.

Busca abrigo em si.
Descobre que verdades são mentiras.
O medo se desafia.
Encontra o que perdeu.
Resgata das cinzas o brilho
que a fonte cobriu, mas não matou.
Tempo que renasce.

Douglas Funny

domingo, 27 de janeiro de 2008

O Estranho

Quem é você que me cumprimenta com um sorriso?
Que me diz "bom dia" numa terça-feira chuvosa.
Quem é você que distribui simpatia dentro do elevador amarrotado?
Que pergunta em que andar vamos descer.
Quem é você que pega a latinha que joguei no chão e coloca na sexta do lixo?
Que não xinga, reclama ou critica.
Quem é você que tenta arrancar um sorriso para melhorar o dia de alguém?
Que se vestiria de palhaço ou transformaria a mesa de trabalho em um palco.
Quem é você que ajuda um desconhecido de muletas a subir uma escada?
Que guia uma pessoa que não sabe para onde ir.
Quem é você que devolve a bola depois que chutaram na sua janela?
Que só diz "cuidado para não se machucarem".
Quem é você que acolhe que chora de tristeza e vibra com que chora de alegria?
Que não sente sozinho. Apenas sente.

Quem você é não importa.
O que todos somos agora, sim.

Douglas Funny

domingo, 20 de janeiro de 2008

Olhe por ti, Destino

Perdi-me em mim.
Tantos pensamentos,
visões, delírios, premonições,
lembranças.

E o passado sonha? Não.
Mas fica e se apega.
Às vezes ele sente
ou faz sentir.

Aquilo que foi irreal,
pode se perder como mera brincadeira infantil,
mas também pode se prender
e fingir que tem vida.
Já o real não se faz personagem,
apenas é.
Primeiro é preciso ser, para depois viver.

Nas entrelinhas,
queremos um final de novela.
O sonho se realiza para os mocinhos,
fracassa para os vilões.
Termina pela mão do destino
ou pela caneta do roterista.

Perdi-me entre verdades e mentiras,
entre sonhos e desilusões,
entre real e o irreal.
E quando a imaginação brincou comigo,
mente e coração se confundiram.
O sonho se fez personagem,
o real ficou mágico
e meu corpo, lúcido, flutuou.
Mas meu olhar de criança não brilhou mais.
O jogo terminou,
aquele tempo parou
e o sonho acabou.
Perdeu-se de mim.

Vou por a culpa no destino.
E ao seu acaso.
Afinal a música não toca mais.
Porém, Sr. Destino, venho lhe pedir.
Se sou apenas um fantoche na sua orquestra,
um instrumento da imaginação.
Caso a minha melodia já esteja no papel,
deixe que eu escreva a letra.

Douglas Funny

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Rítmico

Meu coração não é o mesmo
Já encontrou estrelas
Já beijou o chão
Amarrado, amado
Partido, dilacerado
Horas estava, outras não
Percorreu labirintos,
hesitou no reto
Quis o inalcançável
e não soube olhar para o lado
Negou-se a ouvir seus próprios batimentos
Pulsou por alguém
Cujas batidas também não escutava
Aprendeu a viver sozinho
Quando só não podia
Algumas vezes se dividiu
Outras se cegou
Não sabia o que queria.

Nunca disse que errou
Caso tenha chorado guardou para si
Sabe que tudo que buscou
O sofrimento que passou
Valeu a pena
Não pela dor,
mas por poder amar.

Douglas Funny

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Linha Amarrada

Não sei o motivo
Mas sempre volto pro mesmo lugar
Não o ponto de partida
Ou o de chegada
Apenas um ponto
Que não tem a forma de um ponto
Simples.

O desafio é maior
O desenho é fácil de imaginar
Difícil é não me prender aos detalhes
Que guardo, como se estivesse diante dde mim
Agora...
Pena.

Voltei sim
Mas não do jeito que saí
Que não foi pela porta da frente
Só agora entendoque não foi ponto para ninguém
Nem mesmo um ponto final
Ficou aberto e fechado ao mesmo tempo.

Pior que saber que não tem volta
É não saber se tem
Ficar onde está, mesmo que seja pior
O ponto não é esse
Porque não depende só de você
É preciso que duas linahs se cruzem,
para ter um ponto em comum.

Douglas Funny

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Entre ois e olas

Um oi sem compromisso
Um olá receptivo.

Olhares virtuais
Risadas longínquas
A amizade correu por cabos
Presença tão distante
que um dia se fez presente
E a separação que nunca existiu
Não era pronunciada
O perto só comprovou
Aquilo que já era verdade
Os olhares e risadas virtuais
eram sinceras.

O que antes não foi
Hoje é e mais um pouco será
Uma aposta no acaso
Agora aposta no eterno
Pois a transparência gera confiança
Pureza rara que nasceu assim.

Um oi sem compromisso
Um olá receptivo.

Douglas Funny

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Cinco Estações

Numa troca de olhares,
nasceu o sentimento ardente
O desejo febril
Como se mais nada importasse
O tempo parava a sua volta,
enquanto corriam contra o tempo
Como se fosse um último suspiro
A única vez que se repetiu.

O vento gritava no silêncio
Carregava nomes
que acordavam nossos corações
Na busca do único sorriso sincero
Antes que as folhas caíssem
e o vento levasse as risadas
Deixando a solidão sem abraço
A pétala ressecada pela saudade.

Eram apenas dois
Sem calor, distantes
Sem o fruto da paixão
O amor alado ficou frio,
abrigado no esquecimento
Com asas imóveis
Tentou aquecer a chama
que não quis se apagar.

A luz planta o campo
O botão se abre em flor
A beleza se ergue diante dos olhos,
regada por lágrimas
Era o completo fora
O vazio por dentro
Um belo falso, mas que não finge ser
Um finjo ser, para não deixar de existir.

Se a coragem fosse maior que o medo,
paredes não seriam construídas
A verdade seria amiga da união
Os dois seriam um
e a rosa, da estrofe passada, seria sua
Não digo que há felicidade plena
Porém, se quiser tentar
Desça comigo nessa estação.

Douglas Funny

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Primeira

Iniciar é a arte do começo
ou de um recomeço
É o ponta-pé inicial
Momento primordial
Um novo parágrafo
O próximo capítulo
depois do ponto final.

É o medo do desconhecido
Um passo em falso na persistência do erro
É o primeiro dia
Abertura das portas de uma nova era

Nascimento
Criação a partir da idéia
O primeiro garrancho na folha pura
O primeiro "A" de um amanhã.

Douglas Funny