segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Aquilo que não é meu

Esse riso é meu.
A gargalhada que explode aqui,
dentro de mim,
também é minha.
Não é inigualável.
Incomparável.
É apenas minha.
Única.
e solitária.
Como esse aperto no peito.
Que eu não queria,
mas é meu.
Só eu sinto.
Assim.
Tão perto.
Ninguém sente a minha dor.
Pelo menos como eu sinto.
Como essa lágrima que escorre,
agora e novamente.

Fui da alegria à tristeza,
em poucas palavras.
Um coração.
E se fez.
Não entendo.
Nem você.
O que eu sinto é meu.
Não seu.
Mas você sente.
Aquilo que é meu,
do seu jeito.
Um jeito que não é meu.
E sente o que não é seu.
Esses sentimentos são meus
e de mais ninguém.
Estão aqui dentro.
Pessoais.
E você rouba de mim!
E eu não te dei.
Talvez, não agüentei sozinho.

Será que é assim?
Transbordamos em sentimentos,
visíveis aos outros.
A olho nu.
Você me vê ou vê meus dramas?
Minhas felicidades, angústias,
delírios, intrigas.
Tudo meu.
E eu mostro.
Divido.
Entrego um pouco de mim.
Como uma benção,
ou como um fardo.

Estranho sentir
e ser sentido.
Por alguém que não sou eu,
mas tem um pouco de mim.
Porque permiti.
Querendo ou não,
faz parte de mim.
Parece que os sentimentos são um vírus.
Uma doença.
Algo que se pega.
Acho que no fundo,
eu pego os sentimentos que quero.
Bons ou ruins.
Desejo meu.
Involuntário, talvez.
Pois quero os seus, como você tem os meus.

Sentimos,
por você e por mim.
Esse é o melhor sentimento
e não é mais meu.
Só meu.


Douglas Funny

4 comentários:

Mar e Ana disse...

Me lembrou o poema do Camões, que ele fala do poeta sentir uma dor, o leitor saber dessa dor e sentir uma terceira que é a que o leitor imagina que o poeta sinta =p
Bonito, bonito...

:*****

Mariana disse...

Meu último comentário aqui.
Bons diasssssssssss

Anônimo disse...

Quem abafa o que sente sufoca. Pra viver tem que sentir. Tudo. Ir até o fundo do poço e voltar. Certíssimo. Tenha uma ótima noite.

Princesiiinha disse...

*.*