quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Gosto de Presente

Gosto de você agora
Não antes
Nem adiante
Agora.
Cedo pra falar do que vem
e tarde pra dizer o que já foi.
Vamos ficar no hoje
Sem se lembrar do ontem,
sem pensar no amanhã,
que tanto preocupam.

Desmemorize nossas histórias.
Escrevemo-las para quem quiser ler.
O que fizemos ou deixamos de fazer
não importa.
Seja leite ou água,
Derramado, passadas
Não choremos mais.

Esqueça o “felizes para sempre”.
Deixamos de viver aqui
tudo que é possível viver lá na frente
Criamos a espera
daquilo que nem sabemos o que é
sonhamos e não fazemos,
fazemos depois,
se fizermos.

Tenha em mente o que vê,
o que é capaz de ser.
Sinta o presente,
se faça presente
e ganhe o presente da vida.
Aprenda a gostar do que tem
aqui e agora.
Sem prazo.
Curto ou longo
só o café que te mantém acordado.
Realizando.
Mudando.
Moldando.

Goste de nós hoje,
pois não somos
e nem seremos
os mesmos.

Douglas Funny

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Estrelas a beira da estrada

Um breve momento,
antes de mergulhar na selva de concreto,
permito-me um respiro do trânsito
um último olhar para cima
para o céu que queria levar comigo
por não ser o mesmo de onde vivo.

O carro estacionado a beira da estrada
Todas as luzes apagadas
Encostado na natureza adormecida
Sussurrando para mim
Ali, deitado sobre o capo
Pesco estrelas,
uma maior que a outra,
uma mais brilhante que a outra.
Que não cabem no meu porta-malas,
são apenas minhas passageiras.

Em meio à escuridão,
escondido na noite,
observo as luzes brincando
e aguardo sonhos cadentes.
Sem fim me vejo assim,
delírios na imensidão
que não me esforço pra tocar
e sinto como se estivessem dentro de mim.

Elas vivem na selva,
escondidas na noite
a me observar.
Estrelas passageiras
que me beijam ao cair da noite
Ao cair o sono
Ao adormecer, toco-as novamente.

Douglas Funny

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ventos de Marujá

O barco rasgava o véu do mar
que se disfarçava de rio
Fortes ventos me abraçaram
Ventos que empurraram o sol mais pra lá
e trouxeram as nuvens para cá,
pintaram o céu de cinza
e escureceram a água,
em um sopro só
Mudavam de direção a cada curva,
carregavam-me junto.

Ali na proa, deitei
e criei o meu sem fim
Fitas coloridas,
presas as cordas do mastro,
eram as minhas estrelas de um céu nublado
daquela quase noite
Eram sacudidas pelos ventos
que cantavam para mim
músicas de um destino à deriva.

O céu se desfez em degradê,
o espelho do mar se perdeu
As luzes já não eram de Marujá
A brisa levou os pescadores,
mas os ventos nunca me deixaram
E assim, ao acaso,
faço e me desfaço por aí.

Douglas Funny