quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Desesperança

Fecho os olhos
para ver o que quero.
Mais claro que a água,
tão belo por dentro.

O que carrego na alma
move meu corpo por inteiro.
Se ela não fosse tímida,
por Deus, o que eu já não teria feito.

Ainda cultivo o terreno
para o nascimento enfim,
mas do que vale aguardar
se não é fato, não tem hora.

Por que tento acalmar
se sou eu que estou batendo?

Vivo em contradição.
Esperar uma surpresa
é esconder aquilo que já sei.
Quero a verdade, mas a cubro com um pano.

Abro os olhos
para deixar de ver.
Se ela não fosse tão tímida,
por Deus, o que eu já não teria feito.

Douglas Funny

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Aquilo que não é meu

Esse riso é meu.
A gargalhada que explode aqui,
dentro de mim,
também é minha.
Não é inigualável.
Incomparável.
É apenas minha.
Única.
e solitária.
Como esse aperto no peito.
Que eu não queria,
mas é meu.
Só eu sinto.
Assim.
Tão perto.
Ninguém sente a minha dor.
Pelo menos como eu sinto.
Como essa lágrima que escorre,
agora e novamente.

Fui da alegria à tristeza,
em poucas palavras.
Um coração.
E se fez.
Não entendo.
Nem você.
O que eu sinto é meu.
Não seu.
Mas você sente.
Aquilo que é meu,
do seu jeito.
Um jeito que não é meu.
E sente o que não é seu.
Esses sentimentos são meus
e de mais ninguém.
Estão aqui dentro.
Pessoais.
E você rouba de mim!
E eu não te dei.
Talvez, não agüentei sozinho.

Será que é assim?
Transbordamos em sentimentos,
visíveis aos outros.
A olho nu.
Você me vê ou vê meus dramas?
Minhas felicidades, angústias,
delírios, intrigas.
Tudo meu.
E eu mostro.
Divido.
Entrego um pouco de mim.
Como uma benção,
ou como um fardo.

Estranho sentir
e ser sentido.
Por alguém que não sou eu,
mas tem um pouco de mim.
Porque permiti.
Querendo ou não,
faz parte de mim.
Parece que os sentimentos são um vírus.
Uma doença.
Algo que se pega.
Acho que no fundo,
eu pego os sentimentos que quero.
Bons ou ruins.
Desejo meu.
Involuntário, talvez.
Pois quero os seus, como você tem os meus.

Sentimos,
por você e por mim.
Esse é o melhor sentimento
e não é mais meu.
Só meu.


Douglas Funny