domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sem Último Verso

Entre linhas cortadas,
procuro o seu olhar.
Transformo palavras
que se dizem poéticas
em estrofes sem rimas.
Poesias sem escudo.
Devaneios do peito,
não da cabeça.

Cada ponto final me engana,
pois a última letra não pontua minha esperança.
É apenas mais um começo de parágrafo,
mais uma história a ser vivida.
E, então, escrevo para uma alma ainda ausente,
que me espera em algum título adiante.
No próximo passo,
Depois da vírgula seguinte.

Escrevo errado em linhas tortas.
Muitos pontos de interrogação,
poucos de exclamação.
O futuro é feito de dúvidas,
o passado de certezas
e o que fica é o presente.
O único que posso dar a ti.
A essência é o que fica, independente do que virá.

O medo já não faz parte de mim,
assino com letra maiúscula.
Quero caminhar, mesmo que às cegas.
E que o mundo se ofereça a mim.
A minha vida não tem rótulo e pode mudar.
O meu coração não tem validade estampada,
então deve viver.

Douglas Funny